domingo, 15 de maio de 2011

"Sê tu a palavra"


1.
Sê tu a palavra,
branca rosa brava.

2.
Só o desejo é matinal.

3.
Poupar o coração
é permitir à morte
coroar-se de alegria.

4.
Morre
de ter ousado
na água amar o fogo.

5.
Beber-te a sede e partir
- eu sou de tão longe.

6.
Da chama à espada
o caminho é solitário.

7.
Que me quereis,
se me não dais
o que é tão meu?  





Eugénio de Andrade

Hoje só me apetece ouvir isto em loop! :)

http://www.youtube.com/watch?v=HRFw5u5wR4c

Porque será, porque será? Ai o Sol!

Nichts

Não mereço nada para além do nada que já tenho.
Não peço nada a mais do que o nada que tive.

Então? Não te cales Bem Precioso. Não me sufoques nem provoques. Flui desprevenidamente. Não esperes, caminha. 
Sê-te como eu me sou... pedra em bruto. 
 Devagar, devagar! Estagna brevemente. Mas passeia, gira, rodopia, cai, levanta-te, olha em frente e para todo o lado. Nada não é nada. Nada é tudo. É o que foi dito e o que está por dizer. É o que tu quiseres. Eu? Eu não posso querer nem crer nada. Entreguei a minha alma à Liberdade para que agora a renuncie. Desculpa.
 As coisas são mesmo assim, ora margarina e nos próximos cinco minutos podem ser como betão. Não é propositado; é invulgar, sim. Mas é autentico, é real, é porque tem mesmo de ser assim. Que não se massacrem os olhos a tentar perceber. Que não se entreguem os que não se querem machucar. Que não me ofereçam as mãos porque não sou pequena para vacilar. Que não me batam porque não sou um Golias. Contudo, já fui tela...
 ... há, pois,  um quadro onde é preciso dar retoques consecutivos. Não é uma obra-prima; é um absurdo. É diferente, mas também é gente. É humanamente humano. Não sei se é bonito ou feio, é um nada qualquer que me cativa e que ouço assobiar no inicio da jorna. Não sei se aqui, ali, pelo Mundo fora... mas a sua gargalhada é como um vendaval.
 Se eu, agora, pudesse ser qualquer coisa, gostava de ser um grão de café. Como não posso ser nada, nada sou. É um nada agradável, ou não será nada? É um vicio isto do NADA. 

"Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma"
                  Antoine Lavoisier